Não há razão para subestimar o potencial criativo do público. Somos intermediários da história, não um fim. A magia da criança está na idealização do conto depois que se inicia o "Era uma vez...". É imaginar os gestos daquele personagem, os cenários, qual o tamanho e como é o rosto de cada um. Enquanto o pai apenas faz as vozes. A brincadeira só tem graça se alguns pontos forem omitidos. O encanto só dura até a revelação [cruel] dos fatos. É o segredo que atiça a vida. Ou a maçã jamais estaria naquele jardim.
Se quiserem me calar, me coloquem a derramar sentimentos plasticamente vestidos de palavras. Devo dizer que não sou contra elas. Mas às muletas que elas se tornam ao andar lado a lado às imagens e aos sons. Se tornam aquela segurança covarde para quem só queria sentir o vento no rosto com alguns bons passos de dança.
Se quiserem me tirar de cena, me ofereçam um script fechado, no qual eu não deva conferir a minha dose de improviso. Se nem a vida é tão previsível, a quem a arte quer imitar? Se o mundo precisar falar, que nos calem de uma vez. Não precisamos desse bem.
Minha voz vem da alma. Meu melhor amigo diz versos num papel em branco. Meu amor age silenciosamente. Meu anjo apenas me guarda.
Não sou citação. Sou um artista de mim mesmo. Um fruto dos sonhos de alguém.
Um poeta das emoções.
[...]"
O Artista
(The Artist, de Michel Hazanavicius, França, 2011)
Com: Jean Dujardin, Bérénice Bejo, John Goodman, James Cromwell, Penelope Ann Miller.
Victor, sensacional seu post sobre esse filme. Adorei!
ResponderExcluirTambém gostei muito, parabéns.
ResponderExcluir