Babel

"Babel" está longe de ser o que andam pintando. O filme tem os seus momentos em que ninguém se entende, que me deixaram um tanto angustiado no cinema. Tem também seus momentos de nervosismo, que me deixaram meio tenso no cinema. E tem os seus momentos angustiantes, que me deixaram com dó no cinema... E a sensação foi essa mesmo, fiquei com dó dos personagens toda vez que iniciava-se alguma trama, seja pela moça que leva o tiro, o marido desesperado, a babá que sabe que fez besteira, a jovem perdida na vida, os garotos que agem inconsequentemente, o pai dos garotos incrédulo... Tudo isso me levou a sentir dó e me comover.

Mas pára por aí, nada além disso faz com que eu o ache um grande filme, nem mesmo toda a analogia que é possível se fazer com a torre de babel ou a teoria do caos, que ninguém se entende mesmo nesse mundo, e que alguns acontecimentos surgem para que algumas coisas tentem voltar ao seu eixo. Ou que estamos todos interligados, que qualquer ato nosso pode eclodir mais na frente em algum outro grupo.

Nos faz pensar sobre nosso papel no mundo, é verdade, nos deixa questionando sobre o que estamos fazendo, ou o que pretendemos fazer, se iremos prejudicar alguém. Nos deixa com a sensação de que algo feito por nós está fazendo a diferença em alguma vida, seja para o lado bom ou não. Mas ainda é insuficiente...

Pode até te fazer pensar, mas não parece pensar junto, soa como uma sensação de que o filme precisa do espectador pra sobreviver, precisa que ele faça suas devidas referências ao final de tudo isso, já que ele só te mostra, como quem diz, "ohh..tá vendo o que tá acontecendo?!", mas não consegue te convencer dos traumas, das cicatrizes que surgirão depois de todo o caos que se programa a todo instante. E toda vez que tenta te trazer pra mensagem que o filme pretende passar, tenta fazer da pior maneira, como você fosse algum idiota que não pudesse perceber, é o menino quebrando a arma para mostrar que está arrependido e que não se deve brincar com arma, o abraço apertado da filha no pai, o choro no telefone ao falar com o filho.

Acho tudo isso muito piegas. São elementos que, infelizmente, já estão na sua cabeça, que você já viu e reviu trocentas vezes, cada vez que algo ou alguém fala sobre o tema, fala sobre arrependimento. Não me surpreendeu nenhum pouco tudo isso.

Babel. Seria genial... Não fosse essa minha teimosa mania de achar de que o filme é insuficiente.