Em centenas de anos a frente, a humanidade conseguiu alterar seus genes para não mais envelhecerem depois de completarem 25 anos de vida. A partir daí, o cronômetro da morte é acionado. Um futuro onde todos são jovens, mas o tempo é a moeda de troca. Cada um traz consigo um relógio no braço, mostrando o tempo que ainda tem de vida. Os mais pobres vivem em uma contagem regressiva apertada. Os mais ricos podem viver milhares de anos. Por conta dessa desigualdade social, as cidades foram isoladas por pedágios caríssimos, custando de 2 a 10h de vida. Um fuso horário forçado, para que os sem grana não entrem em conflito com os trilhardários. Time is Money nunca fez tanto sentindo.
Quem já viveu 428 anos ainda tem vontade de viver mais? Quem só tem mais 10h de vida ainda vai querer tomar uma cerveja e pagar com 1h30? Se você tem apenas alguns segundos pela frente, é hora de correr desesperadamente, pode ser que encontre alguma boa alma pelo caminho, disposta a lhe dar a mão e passar aqueles preciosos minutos. A metáfora do diretor Andrew Niccol é realmente boa. Mas a impressão é de que houve um contentamento muito grande com a premissa e esqueceu-se de desenvolver o resto.
Há uma série de críticas direcionadas à sociedade egoísta e ao capitalismo. Tenta fazer pensar em questões como: do que adianta ter tempo a gastar, se não usufruir com coisas que realmente valham a pena. A avareza que prefere se manter na prisão a se arriscar vivendo por aí. Viva um dia de cada vez, carpe diem, "sou jovem, mas minha alma está velha para querer viver", "tenho muitos anos pela frente para me importar em ter pressa" e blablablá. A ideia tem o seu valor, mas se apequenou para ser um ensaio de peças soltas.
Há uma série de críticas direcionadas à sociedade egoísta e ao capitalismo. Tenta fazer pensar em questões como: do que adianta ter tempo a gastar, se não usufruir com coisas que realmente valham a pena. A avareza que prefere se manter na prisão a se arriscar vivendo por aí. Viva um dia de cada vez, carpe diem, "sou jovem, mas minha alma está velha para querer viver", "tenho muitos anos pela frente para me importar em ter pressa" e blablablá. A ideia tem o seu valor, mas se apequenou para ser um ensaio de peças soltas.
Will Sallas (Justin Timberlake) é a versão Robin Hood futurista. "Vamos ajudar os mais pobres, distribuir tempo a todos. Ohh, tenho só mais 30s de vida, mas posso dividir com você. Tome, pegue 28s, eu sou o protagonista, não irei morrer com meia hora de filme". Dizem que ele seguiu os passos do pai. Quem era o pai? Não sabemos. Mas todos comentam dele como se fosse um grande mosqueteiro. Sallas beira os 30 anos, e mesmo com o sistema implantado a séculos, só recentemente percebeu que a inflação era tática para que os pobres "dessem" seu tempo ao ricos. Não teve oportunidade de estudar sobre isso, nem sua mãe se atentou ao esquema, nem mesmo as facções rebeldes divulgaram algo. Perfeita conspiração?
Como nunca teve dinheiro, morou num gueto e era "do bem", provavelmente nunca tinha dirigido um carro. Mas isso não o impede de pilotar um conversível, costurando uma avenida ao fugir da polícia. E de marcha ré. Um talento nato, não? E talvez pelo pouco tempo de vida, entenda que não é preciso mais que alguns segundos com Sylvia (Amanda Seyfried) para logo se apaixonar. Quem tem tempo pra conhecer melhor, afinal de contas? É, o tempo encurtou as coisas. Inclusive as conversas. Aparentemente ninguém tem mais assunto, não falam sobre comidas, filmes, esportes, amenidades. Nada! O tema da conversa será sempre o tempo e as horas que tem a ganhar ou perder. Deve ser mesmo difícil viver 100 anos sem entretenimento. Nisso o filme tenta cumprir o seu papel. 109 minutos procurando entreter, mas que para o espectador tem a aparência de uns 300 ou 350.
★★
O Preço do Amanhã
(In Time, de Andrew Niccol, EUA, 2011)
Com: Justin Timberlake, Amanda Seyfried, Alex Pettyfer, Vincent Kartheiser, Johnny Galecki, Matt Bomer, Cillian Murphy, Olivia Wilde.
Oi Victor!
ResponderExcluirCá estou eu pra discordar de vc...rs.
Achei seu texto excelente, muito bem escrito. Já vi que vou ser presença frequente aqui, não apenas pela parceria, mas pq admiro quem escreve bem. Mas vamos ao filme, além de discordarmos quanto à qualidade e ao desenvolvimento da premissa pelo utor, achei...er....digamos, complicado os seus questionamentos sobre coisas como Will saber dirigir um carro de luxo. Se for assim, creio que dificilmente sobrará um filme que se livre de qualquer licença desse tipo. É uma obra de ficção e ainda por cima futurista, detalhes absurdos fazem parte, na minha opinião. E , para mim, a questão da verossimilhança nos filmes se referem a: dentro daquele contexto, fez sentido? Sim ou não. Eu posso comprar aquilo ali, sem grande incômodos e sem ficar pensando como a moça trocou de roupa, como tinham o número dela, onde ela largou a bolsa etc? Aqui fez (pra mim!).
Ahhhhh, mas teve uma coisa que me deixou boquiaberta: desde quando conversar é condição sine qua non pra se apaixonar?! Ora, essa foi a parte mais possível do filme! rs. E não, pra mim o filme não tem teve a aparência de 300 min...talvez de 300 segs.
Um beijo. Até mais! :)
Obrigado pela visita Nayara!
ResponderExcluirEntendo seu ponto de vista. Claro que exagerei um pouco no texto, mas ainda acho que existem erros que não são tão toleráveis, principalmente se ferem o argumento lógico da história. Acontecem e é normal terem falhas de continuidade ou elementos mais casuais, como o de comprar a roupa ou onde deixou a bolsa, como você citou. O grande problema pra mim é quando esses erros demonstram, por exemplo, uma falha na construção de personagens ou um roteiro mal acabado. O fato do Will saber dirigir o carro, pra mim, é um equívoco, a partir do momento em que a história se diz tão pautada em valores de riqueza/pobreza, luxo/miséria, vida longa/vida curta. Se existia tanta desigualdade assim e se ele nunca teve grana, o único motivo de colocarem ele dirigindo um carro, com extrema habilidade ainda, é para ele ter uma síndrome de James Bond. É o herói do filme, capaz de tudo, mesmo sendo o "coitadinho" pobre. Pode parecer pouca coisa, mas eu me sinto enganado com isso. Como se a história servisse mais ao propósito de ter uma cena de carro e, consequentemente, emoção e afins, do que propriamente aos personagens e ao enredo. E a relação de amor à primeira vista ali, concordo que seja possível mesmo. Ainda que os dois não tenham me convencido nenhum um pouco do tal amor. hehe
Mas é isso, até a próxima! hehe