Espelho, Espelho Meu (Mirror, Mirror, 2012)

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Era uma vez, em uma galáxia não tão tão distante, uma sociedade que tinha um prazer compulsivo por realizar releituras de obras clássicas e já consolidadas de sua história literária.  De tempos em tempos, um forasteiro muito esperto, vindo da região montanhosa de um pequeno, mas nobre vilarejo, conhecido com Los Angeles, tratava de combinar algum material cinematográfico com outros elementos para tentar transformá-lo em ouro. De início, a iniciativa sofria resistência nos outros povos, mas logo o público cedia e decidia ver de perto o resultado daquela alquimia.

Certa vez, alguns feiticeiros decidiram juntar um roteiro conhecido com uma famosa atriz, que não já conseguia emplacar nenhum grande trabalho, mas que ainda mantinha enorme apreço naquele mundo. Para tentar encontrar o elixir dos longos cifrões, acrescentaram um punhado de tecnologia, alteraram algumas propriedades do conto original e torraram mais alguns em busca de uma boa produção.  De lá pra cá, ninguém se lembrava muito bem daquele longa, mas reza a lenda que sete anciões tiveram um sentimento diferente para aquilo tudo. E é essa história que será contada agora:

Dizem que um deles ficou transtornado em ver uma adaptação tão boba, ainda que tivesse a pretensão de apresentar uma perspectiva diferenciada para o grupo de trabalhadores das minas. Parece que o cara não gostou nenhum pouco de ver elementos ainda mais bizarros que o da primeira versão. Quem estava no momento, garante que a cena foi curiosa, já que o amigo dele transbordava felicidade. O que ninguém sabia, era que a alegria era pelo filme finalmente ter acabado. Mais de uma hora de exibição havia sido demais, não só pra ele, mas inclusive deu sono em muita gente, ou pelo menos em um em especial, que não parava de bocejar após a sessão.

Em outro grupo de espectadores, havia alguém que certamente adorou a experiência. Era um rapaz, um jovem acompanhado de sua namorada. O desastre na tela havia feito com que eles ficassem ainda mais de chamego e cheios de dengo um com o outro. Nem se importaram com a vergonha que a plateia sentiu daquele príncipe que estava agindo e babando como um autêntico e irritante poodle. Ou com a princesa mais sem graça e de atuação tão apagada como a neve do seu nome. Houve até quem sentisse alergia dessa experiência, com ataques de rinite e crises de espirros. O incômodo foi tanto que o chefe do grupo precisou reunir todos e levá-los embora.

É possível que essa seja a verdadeira versão deste acontecimento. E fica o aviso sobre a maçã envenenada, pois quem contou tudo isso foi um simpático mocinho que até aquele dia nem era de falar muito, mas, depois desse acidente, passou a tagarelar tudo por aí.



Espelho, Espelho Meu 
(Mirror Mirror, de Tarsem Singh, EUA, 2012)
Com: Lily Collins, Julia Roberts, Nathan Lane, Armie Hammer, Mark Povinelli, Jordan Prentice, Danny Woodburn, Sebastian Saraceno, Ronald Lee Clark, Martin Klebba, Joey Gnoffo, Sean Bean, Robert Emms, Mare Winningham, Michael Lerner


2 comentários:

  1. Se trata de uma versão exagerada e fantasiosa demais do conto da Branca de Neve, que funciona em alguns momentos, mas que, pra mim, soa forçada demais em outros. No final, tirando a parte técnica, o grande destaque ficou mesmo com Julia Roberts, excelente como a vilã.

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  2. Concordo com tudo que disse Kamila! =]

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