Crítica: Durval Discos (de Anna Muylaert, 2003)

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“Vão parar de produzir vinil? Que isso, sai pra lá!”
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Durval parou mesmo na década de 70. O estilão alternativo e hippie, solteiro vivendo com a mãe, dono de uma loja de LPs. Durval é mesmo um cara teimoso, que insiste em não aceitar que as coisas mudam e o tempo passa.
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“Olha que maravilha, o LP é grande, o CD é o só esse miolinho aqui. Aqui você consegue escolher a música, vê a faixa que é grande e a faixa que é pequena, escolhe exatamente o ponto que quer ouvir.” Assim ele defende seu vinil. E completa com o entusiasmo que só quem é apaixonado por um LP sabe reconhecer:
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“E tem o Lado A...e o Lado B!!! Que é completamente diferente!!!”
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E essa é a grande jogada da diretora Anna Muylaert. Pronto, está feita a analogia ideal para sua proposta. Transformou o filme em um vinil, selecionou a deliciosa trilha de MPB, instalou o clima nostálgico de um bairro antigo de São Paulo e dividiu o filme em dois, um Lado A e um Lado B.
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O Lado A é o convencional, menos agressivo e mais comercial. É o dia a dia de Durval em sua loja, encontrando curiosas figuras que chegam procurando discos e CDs. E a vida com sua mãe, ainda mais teimosa que ele, que não aceita “emprestar” sua casa para a nova empregada limpar e arrumar. “Olha lá, ela tá varrendo a sala, e com a minha vassoura!!!”. A empregada vai embora, mas deixa um presente para os dois, a menina Kiki! Os três então garantem essa primeira parte divertida e engraçada do filme.
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Após a primeira metade, o filme assume seu Lado B, o lado alternativo, excêntrico e non-sense. A produção vira uma fábula urbana, repleta de elementos fantásticos e extraordinários. O que dizer quando encontrar uma menininha vestida de bailarina, em cima de cavalo, com uma vassoura na mão, no quarto da sua casa? O conto de fadas ficou no Lado A, aqui é o non-sense que dita o ritmo. A trama se torna obsessiva e a trilha inquieta. Durval deve agora sair do tempo em que estacionou e acordar para o caos que o tempo atual pode trazer. É o lado que provoca e instiga.
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Como analogia a um vinil, o filme é perfeito! Como cinema, talvez não funcione para alguns. O contraste desavisado pode pegar de surpresa aqueles que já tinham se familiarizado com a primeira parte do longa. O impacto pode desagradar a quem se encantou com a abertura do filme, um plano único relaxante e criativo, com mais de 3 minutos, mostrando o nome dos atores e os créditos em placas na rua, lojas de fliperamas, camisas, cartazes no bar... É a cena inicial perfeita para um Lado A... “que é completamente diferente do Lado B”.
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Durval Discos
(de Anna Muylaert, Brasil, 2003)
Com: Ary França, Etty Fraser, Isabela Guasco, Marisa Orth, Letícia Sabatella.

13 comentários:

  1. O trabalho de conclusão de curso de uma amiga minha foi sobre este filme. Na época, fiquei até interessada em conferir este trabalho, mas nunca consegui encontrar "Durval Discos" para assistir.

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  2. parece muito bom. preciso ver esse filme.
    abraço

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  3. Eu acho esse filme genial. Apesar de o final ser - como você colocou - meio irregular e a velha se tornar extremamente irritante, gosto muito de Durval Discos.

    Abraços!

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  4. Kamila, "Durval Discos" é um filme demais interessante para uma análise psicológica, por exemplo! Deve ter rendido um bom assunto da sua amiga! E eu confesso que peguei o filme no torrent mesmo.

    Jenis, Assista sim, o filme prende a atenção, é bem interessante!

    Ciro, Pois é, acho que o grande problema do filme é mudar completamente de rumo, o que pode acabar decepcionando algumas pessoas. A velha realmente irrita na parte final, mas que grande atriz que a interpreta hein!

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  5. Cara, nunca vi esse filme.

    E ri pra caramba com o post da Megan Fox! Muito bom!

    Abs!

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  6. Otávio, Assista se puder, "Durval Discos" é bem interessante!
    E a Megan Fox é demais! ahahha

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  7. Nem sabia da existencia, uma premissa interessante!

    Abraço Victor!

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  8. Esse parece ser interessante, mas em todas as vezes que tive oportunidade de ver o filme acabei encontrando outra coisa pra fazer. Quem sabe na próxima...

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  9. Eu nunca me interessei por este filme. Mas, apesar de algumas ressalvas, aparenta ser um longa brazuca simpático.

    Abraços, boa semana.

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  10. Este comentário foi removido pelo autor.

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  11. Olha que bacana. Procurei no Google sobre o filme Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças e caí aqui. Aí fui fuçar quem era o dono e veja só!

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  12. Que bacana, deu vontade de assistir. Vo ver se encontro..

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  13. initiate funded needagreed marketsi uncertainty ante straw tacoma synonymous standardise undp
    semelokertes marchimundui

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