"Meia-Noite em Paris" é como aquele sonho em que você mistura todas as possibilidades fantásticas da sua mente, de modo que tudo ainda faz o perfeito sentido, mesmo estando no mais emaranhado conjunto de ideias. Você está dormindo e até parece ter a clara noção disso. Mesmo assim, decide viver aquele conto impossível, como se a sua história dependesse de cada momento do que fosse acontecer ali.
Então se transporta aos lugares que nunca esteve, cria suas próprias realidades e acredita sem o menor pudor que tudo aquilo é passível de estar na sua biografia. Enquanto externa suas motivações para aquele mundo, sente a felicidade jamais vista, aquela que jamais será repetida. Uma felicidade plena, construída numa precisão tão sutil e frágil que a qualquer momento tende a se esvair. E exatamente por isso será eterna e deverá ser degustada em todas as frações de segundo possíveis.
O tempo lhe avisa que é hora de sonhar. Uma Cinderela ao avesso, que ansiosamente aguarda as doze badaladas para fugir dos ratos e abóboras. Mas tal qual a protagonista do escritor, cada ponto do relógio é precioso. O tempo é sempre tarde para o coelho, pois não vê a hora de entrar na sua toca e mergulhar nas suas verdadeiras maravilhas. O prazer é ver tudo embaralhado. Não há conto ou contador na história que subverte a si mesma. Não há o medo covarde que prefere e teima querer explicar a origem do caos, ao invés de se deslumbrar com o voo da borboleta.
É hora de aproveitar o apagar das luzes e o início da projeção. É como ser uma criança em um carrossel, completamente contagiada por aquela magia de cores e música, em um traslado único de fantasia, quando o lado de fora sequer existe. O brinquedo francês é realmente inspirador. Paris jamais se incomodará com a diversão de Woody Allen e seu Carrousel, girando a história e trazendo um novo personagem para saltar em seu eixo.
E se as luzes acenderem agora, que seja por um século, refletidas no chão daquela cidade, que acabou de ser molhada pela chuva fina e romântica, que só um verdadeiro sonhador é capaz de pintar.
★★★★★
Meia-Noite em Paris
(Midnight in Paris, de Woody Allen, Espanha/EUA, 2011)
Com: Owen Wilson, Marion Cotillard, Rachel McAdams, Carla Bruni-Sarkozy, Michael Sheen, Nina Arianda, Alison Pill, Tom Hiddleston, Kathy Bates, Corey Stoll, Kurt Fuller, Mimi Kennedy.
Já li mais de 10 textos sobre Meia-Noite em Paris e nenhum deles conseguiu captar a essência do filme da maneira que você conseguiu.
ResponderExcluirParabéns!
PS: gostei muito também, um dos grandes trabalhos do Woody Allen, sem dúvida!
Mto legal o seu texto. Gostei bastante do filme (talvez não tanto como vc), mas mesmo assim Woody Allen se recupera depois de dois filmes bem ruins. E uma sessão dupla com A Rosa Púrpura do Cairo seria uma delícia. Abs!
ResponderExcluirO grande trunfo desse filme é captar todo o encantamento e idealismo de Paris. Acho que deve ter muita coisa do Woody Allen no personagem do Owen Wilson. O resultado é um filme maravilhoso, que representa os efeitos que Paris causam na gente.
ResponderExcluirOlá.
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