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13 junho, 2012

Infográfico Filmes 2011 - Pipoca com Manteiga

Semana passada anunciei o Aplicativo para smartphones da Nokia, hoje é com grande prazer que apresento o primeiro infográfico realizado pelo Pipoca com Manteiga! Veio com certo atraso, é verdade, mas foi uma experiência que acredito ter resultado em um trabalho muito legal e que pretendo seguir daqui pra frente, com outras temáticas do cinema. O primeiro infográfico é dedicado às produções cinematográficas vistas ano passado pelo blogueiro e que estão listados na página Filmes 2011. São dados como as nacionalidades dos longa-metragens, quais as cotações foram atribuídas, de quais décadas são, quais características de gêneros e mais! Além disso, também aponto outras curiosidades, como quantos filmes foram vistos no cinema, quantas horas de projeção  no total e quantos Oscars os filmes vistos levaram! Espero que gostem do material e que torçam pelos próximos que estão por vir!



07 novembro, 2011

Pontos de vista de um picadeiro (O Palhaço, 2011)

Levantem a lona, liguem as luzes, coloquem o milho para pipocar! Façam a maquiagem no rosto, ofereçam de entrada um novo mundo e sirvam um pacote cheio de esperança! Trapezistas, anões, bailarinas, domadores, malabaristas, palhaços... Tudo é mágico! O feliz paradoxo do circo. A arte de transformar os tombos de nariz em hiperpiruetas dignas de bis. Cada um no seu lugar, mas todos com a mesma intenção da magia. Hoje tem marmelada? Hoje tem goiabada? E o palhaço o que é?

Cada pergunta tem sua resposta acompanhada de uma enorme dose de entusiasmo! Fazer parte do espetáculo é sentir um vendaval de alegria no rosto, ver o universo sair da monotonia, criar asas e voar com a imaginação. É juntar-se à trupe! Mas a inquietação do palhaço vai além de ser apenas ladrão de mulher.  Qual seu verdadeiro papel nisso tudo? Andar com o circo por aí não significa conhecer o mundo. O sorriso pintado pode esconder uma aquarela interna em preto e branco. A brisa é idealizada pelo giro de um ventilador. E o palhaço o que é?

Vista o personagem. Abram as portas da fantasia por um breve momento, que parece eterno aos olhos do público. As cores encantam, as músicas animam, os movimentos embalam! Tudo cria o clima perfeito para encher de brilho o coração de todos que participam [por que não?] da sessão! O respeitável público já tem sua identidade própria, formada por crianças de até 80 e tantos anos, que não cansam de gritar quantos Bravos! conseguirem dar nos intervalos das risadas! Mas, E o palhaço o que é?

Cheio de caretas e barulhos engraçados, pode até ter um tropeço aqui e ali, mas nada como duas cambalhotas para frente e para trás para que tudo pareça fazer parte da festa. Quem já conquistou a plateia, tem um refil interminável na caixa de sorrisos. A arquibancada já está desarmada desde aquele momento em saíram risos ou lágrimas envergonhadas, que teimavam em esconder por tempos, mas que não tiveram coragem de segurar dessa vez. É a cumplicidade entre o artista e o público, que se entendem como irmãos de picadeiro. E o palhaço o que é?

Ao final do espetáculo, o espectador já está completamente envolvido com os motivos e se considera o próprio palhaço em cena, no sentido mais bonito que a palavra pode ter. As reflexões se fundem e vão juntas para a casa, ecoando na mente, ao lado dos momentos mais leves e mais profundos que aquela experiência proporcionou. E a questão maior do personagem atravessa o palco e muda de lado, mas continua a repetir no seu novo coração: E o palhaço o que é?




O Palhaço
(de Selton Mello, Brasil, 2011)
Com: Selton Mello, Paulo José, Larissa Manoela, Giselle Motta, Teuda Bara, Moacyr Franco, Tony Tonelada, Tonico Pereira, Danton Mello, Ferrugem.

06 julho, 2011

Meia-Noite em Paris


"Meia-Noite em Paris" é como aquele sonho em que você mistura todas as possibilidades fantásticas da sua mente, de modo que tudo ainda faz o perfeito sentido, mesmo estando no mais emaranhado conjunto de ideias. Você está dormindo e até parece ter a clara noção disso. Mesmo assim, decide viver aquele conto impossível, como se a sua história dependesse de cada momento do que fosse acontecer ali. 

Então se transporta aos lugares que nunca esteve, cria suas próprias realidades e acredita sem o menor pudor que tudo aquilo é passível de estar na sua biografia. Enquanto externa suas motivações para aquele mundo, sente a felicidade jamais vista, aquela que jamais será repetida. Uma felicidade plena, construída numa precisão tão sutil e frágil que a qualquer momento tende a se esvair. E exatamente por isso será eterna e deverá ser degustada em todas as frações de segundo possíveis.

O tempo lhe avisa que é hora de sonhar. Uma Cinderela ao avesso, que ansiosamente aguarda as doze badaladas para fugir dos ratos e abóboras. Mas tal qual a protagonista do escritor, cada ponto do relógio é precioso. O tempo é sempre tarde para o coelho, pois não vê a hora de entrar na sua toca e mergulhar nas suas verdadeiras maravilhas. O prazer é ver tudo embaralhado. Não há conto ou contador na história que subverte a si mesma. Não há o medo covarde que prefere e teima querer explicar a origem do caos, ao invés de se deslumbrar com o voo da borboleta.

É hora de aproveitar o apagar das luzes e o início da projeção. É como ser uma criança em um carrossel, completamente contagiada por aquela magia de cores e música, em um traslado único de fantasia, quando o lado de fora sequer existe. O brinquedo francês é realmente inspirador. Paris jamais se incomodará com a diversão de Woody Allen e seu Carrousel, girando a história e trazendo um novo personagem para saltar em seu eixo. 

E se as luzes acenderem agora, que seja por um século, refletidas no chão daquela cidade, que acabou de ser molhada pela chuva fina e romântica, que só um verdadeiro sonhador é capaz de pintar.

Meia-Noite em Paris 
(Midnight in Paris, de Woody Allen, Espanha/EUA, 2011)
Com: Owen Wilson, Marion Cotillard, Rachel McAdams, Carla Bruni-Sarkozy, Michael Sheen, Nina Arianda, Alison Pill, Tom Hiddleston, Kathy Bates, Corey Stoll, Kurt Fuller, Mimi Kennedy.

06 junho, 2011

O Ano Em Que Meus Pais Saíram de Férias



1970, época de ditadura militar no Brasil e também da Copa do Mundo no México. Nesse contexto se desenrola a história de Mauro, um garoto que vivia com seus pais em Belo Horizonte. Seus pais são militantes contra a Ditadura e precisam sumir por uns tempos, que dizem apenas ser umas férias, mas que voltariam antes que a copa começasse. Ele é deixado então com o avô, que logo vem a falecer, e precisa se adaptar ao estilo de vida um tanto excêntrico de um judeu vizinho, que o acolhe em sua casa.

Entre a angústia pelo retorno de seus pais e a ansiedade pela Copa do Mundo, Mauro vai descobrindo um mundo novo ali no bairro, com muitos judeus e italianos, muita gente idosa, e poucas crianças. A história caminha em um simpático ritmo dividido entre infância e velhice. É interessante perceber todo o amadurecimento do menino. Aos poucos ele vai deixando a preocupação pela volta de seus pais e passa a apenas procurar se divertir por ali com as outras crianças. Passa a aceitar a companhia do velho judeu e descobre o quanto essa relação pode lhe beneficiar, seja na hora do café com peixe (que faz bem pra cabeça) ou nos melhores almoços do bairro com as senhoras vizinhas, sempre muito atenciosas. Tudo isso, à medida em que vai chegando a copa e todos passam a se envolver com o sentimento de união pelo seleção. 

Assim, o filme consegue despertar um sentimento muito agradável no espectador. Um dos elementos responsáveis por isso é a fotografia aconchegante, por assim dizer, como casa de vó. Vale mencionar também a trilha sonora, que ora é divertida, e ora melancólica, como o próprio filme, mas sem nunca abusar de um momento ou de outro.

Com uma linguagem que parece uma mistura de cinema reflexivo europeu com elementos brasileiros, o filme acerta o tom, no entanto, ao não se mostrar com cara de importado e muito menos de nacionalista exagerado, o que poderia facilmente ocorrer em virtude da dupla Ditadura / Futebol. Mesmo contando uma história totalmente habituada em um cenário brasileiro, não toma isso como elemento principal, porque a linguagem em si é universal. Seja visto aqui ou na Rússia, o filme consegue se posicionar na mensagem do ponto de vista de uma criança que deve amadurecer em meio a solidão. 

Há a simplicidade do menino que transita entre a inocência e a dureza do sentimento, mas que ainda não sabe exatamente determinar o momento de cada um. Mauro vive naquela sensação indescritível de completar um álbum de figurinhas e de festejar uma Copa do Mundo, em uma felicidade que nem mesmo se importou de estar sozinha comemorando.


O Ano Em Que Meus Pais Saíram de Férias (de Cao Hamburguer, Brasil, 2006) | 9,0
Com:  Michel Joelsas, Daniela Piepszyk, Germano Haiut, Caio Blat, Simone Spoladore, Eduardo Moreira, Liliana Castro e Paulo Autran

21 março, 2011

A Vida É Bela


"A vida é bela" mostra a história de Guido, um filho de judeus, que vive na Itália durante a Segunda Guerra mundial, sendo perseguido por nazistas e tendo que fazer com que sua família não sofra durante o período. Guido é o tipo de pai que não hesita em fazer de tudo pelo bem do filho e, com seu filho Josué, faz com que todo o clima de guerra, maus tratos e perseguições sejam apenas uma brincadeira divertida, para que ele não perceba todo o terror e a violência que os cercavam.

Todo o ambiente criado por Benigni (diretor, roteirista e ator do filme) tenta fazer com que o público entre junto no filme, viva com o personagem toda a angústia de tentar fazer com que seu filho seja capaz de acreditar que está apenas se divertindo. E Benigni o faz com toda a leveza que o filme pede que seja tratado, sutilmente vai desencadeando os acontecimentos todos. Tal como Alex faz com sua mãe em "Adeus, Lenin!", Guido tenta construir uma realidade nova a seu filho Josué. E se pode-se considerar que em "Adeus, Lenin!" há o mais puro retrato de amor fraternal, aqui o argumento também é válido.

Vale ressaltar que a tentativa de montar um mundo divertido a Josué em meio a guerra só cabe para a segunda metade do filme, já que durante toda a primeira parte, a intenção é de simplesmente divertir mesmo. E mostrar como um homem sem grandes poderes, mas com muitos sonhos, pode fazer realizar seus desejos apenas com muita criatividade e determinação. A ideia é que todo o perfil do personagem tendencione a conquistar o público, pela arquitetura de humor e surpresas criadas. Tudo isso, para que o público possa aliar o carisma do personagem ao amor de um pai. Para que quando chegue o momento em que Guido precise que os espectadores estejam preocupados e angustiados, eles não tenham mais saída e não deixem de se comoverem pela causa, acabando por torcerem juntos.

"Buon Giorno, Princepesa!" É a eterna lição que o dia deverá sempre começar alegre e descontraído, mesmo com as dificuldades da vida. É a mensagem de que sempre haverá o encanto, sempre haverá uma princesa em sua vida, mesmo que não tenha uma vida de realeza. E sempre haverão charadas a se desvendar e problemas a se resolver e, para isso, o bom-humor e a perspicácia serão da mais alta importância, diariamente.

É o grande mérito do filme, mostrar que há mesmo beleza na vida, por pior que seja. E um pouco de humor e descontração podem ser fundamentais para manter a magia de uma criança e para que se continue a seguir. Mesmo que haja lágrima nos olhos, haverá sempre um sorriso no rosto. Afinal de contas, ainda que tudo pareça estar perdido, "nós ganhamos! 1000 pontos para rir como loucos!"


A Vida É Bela (La Vita È Bella, de Roberto Benini, Itália, 1997) - 9,0
Com: Roberto Benini, Nicoletta Braschi, Giorgio Cantarini, Giustino Durano.

25 janeiro, 2010

Avatar



“Avatar” é absolutamente uma experiência única. Pandora é um lugar ímpar, mágico, que lhe convida o tempo todo e lhe deixa com aquela profunda sensação de querer visitá-lo, e depois com aquele desânimo por não poder passar mais tempo com tudo aquilo. Você quer descobri-lo, quer se aventurar por toda aquela natureza que mais parece um parque de diversões. Todo aquele brilho, aquele neon, aquela sinergia, a surpresa do desconhecido que sem querer lhe deixa sorrindo num entusiasmo sem igual. Você quer tomar um banho na cachoeira das montanhas flutuantes. Quer provar dos frutos, pois já sabe que, certamente, com toda aquela magia do lugar, eles serão deliciosos. Observar a noite cheia de estrelas e outras luas e planetas orbitando. Quer ouvir a natureza como nunca. Você se sente como uma criança abrindo seu novo presente. Pandora é um lugar realmente mágico.
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Mas bem perigoso, é verdade. Os bichos são horrorosos, não há um único cachorro simpático que você queira levar pra sua casa. É tudo muito gigante, não vá tropeçar por aí, sob risco de cair de alguma altura monstruosa e se integrar a Eywa – a tal “Mãe Natureza”. Cuidado, existem uns bichos bem ariscos! Pobre Felícia, talvez não se desse tão bem ali. Mas você nem conheceu tudo e nem há como, é preciso mais umas 2 ou 200 horas de filme para isso. É preciso uma vida inteira e mais algumas reencarnações.
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Talvez “Avatar” seja o tipo do filme que você não deva assistir em casa. Não foi feito pra assistir em DVD. É tamanho único, cinema, 3D, e se conseguir IMAX, melhor ainda. Ainda assim, “Avatar” é pouco pra um cinema. Talvez estejamos diante de um novo conceito cinematográfico, o da “user experience”. Talvez ele só assuma sua condição em cinemas “4D” ou “cinema sensorial”, em que as cadeiras se mexem acompanhando o movimento e a tensão da cena, em que o expectador é capaz de sentir os cheiros do instante e as mudanças de temperatura na sala, e deixa de ser somente expectador para tornar-se participante de tudo isso. Como um brinquedo da Disney. Você deve respirar o filme. James Cameron levou 10 anos para que houvesse a tecnologia necessária para a realização do longa, mas talvez devesse esperar mais uns 10, para os cinemas pudessem se adaptar a isso.
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Como Cameron não teve essa paciência toda e lançou o filme assim mesmo, é fácil entender as críticas. A velha história do salvador americano; do forasteiro que no início é visto com desconfiança, mas que depois tem muito a ensinar; da luta do bem contra o mal; estereótipos de mocinhos e vilões e “escolha seu lado”; da ganância do ser humano em detrimento à natureza; e blábláblá! O roteiro nunca foi seu forte, é verdade. Você conhece frases como “hasta la vista baby” ou “i’m the king of the world”, também é bem verdade, mas a melosa “i see you” dos protagonistas não desce de jeito nenhum. Ok Cameron, seja mais sutil na próxima, somos inteligentes para isso, pode confiar! Evidencie tudo, os efeitos, o lugar, a tensão, a fotografia, o impacto, o deslumbramento, a trilha, a magia, tudo! Menos o roteiro. Esconda um pouco as coisas, deixe outras no ar, também gostamos de ter dúvidas, de quebrar a cabeça e tudo o mais. Ô mania de grandeza. E aquele choro dos Na’Vi, feio né? Podia ter caprichado um pouco mais na sonoridade. Ok de novo Cameron, não se aborreça, “Avatar” tem seus defeitos e que bom, isso ao menos mostra que você não é um ET querendo mostrar o seu mundo em forma de filme, ainda que isso fosse ser divertido.
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Mas que me desculpem os fervorosos defensores do anti-avatarismo. Não serei capaz de condenar essa fantástica experiência por isso. Porque talvez “Avatar” não deva ainda ser julgado como filme, mas já como “user experience”, e nisso, “Avatar” é ESPETACULAR. É um conceito de experiência de entretenimento, em que você não compra um ingresso, mas uma passagem para aquele mundo. Não é o tipo de história a ser contada, mas vivida.

Avatar (de James Cameron, EUA, 2010) 
Com: Sam Worthington, Zoe Saldana, Stephen Lang, Sigourney Weaver, Michelle Rodriguez, Giovanni Ribisi.

29 setembro, 2009

(500) Dias com Ela



"Essa é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com os personagens é mera coincidência. Principalmente com você, Jenny. Vadia!”

A comédia romântica da vida privada. “Essa não é uma história de amor. É uma história sobre o amor.” Você conheceu a garota da sua vida, sabe que não há nenhuma melhor que ela. Se encantou com o sorriso, com o charmoso sinal, com o modo como ela fala com você, o jeito que lhe encara sem medo. Você realmente encontrou ELA.

E tudo que ela faz, ganha um brilho diferente. Se ela ouve Belle and Sebastian, a música repercute no país inteiro. Se ela resolve trabalhar em uma sorveteria, as vendas da casquinha triplicam. Se ela simplesmente caminha pelas ruas, os olhares já encontram uma direção. E ela ainda é simpática com você, tem gostos parecidos e acha você divertido. Como não gostar dela?

Ela tem todos os atributos de uma garota capaz de escolher o cara que quiser. Eis então que ela te dá uma chance. Isso mesmo, há algo também em você que nem ela sabe explicar, mas que de alguma maneira o torna interessante. É, você tirou a sorte grande meu amigo! Parabéns!!! Andam por aí de mãos dadas, brincadeiras na loja de departamentos e beijos escondidos na sala de Xerox. Se você já estava apaixonado por ela antes mesmo de terem alguma coisa, agora então o seu mundo ficou perfeito!

Você só não esperava que ela não acreditasse no amor.

Não contava que ela realmente tivesse algum trauma disso tudo e fosse tão desprendida. Qual tipo de relação vocês têm? Consegue viver com essa dúvida? Consegue estar apaixonado pela garota perfeita e não assumir uma relação séria? Consegue agir tranquilamente ao ver ela tão natural com tudo isso? A sua mente está transtornada agora. A confusão faz parte dos seus pensamentos. Há muitos porquês a encarar.

E ela, de repente, resolve ir embora.

Nenhum motivo especial talvez. Cadê a perfeição que tava aqui? E toda aquela história de destino e milagres e que nada acontece por acaso? Talvez estejamos falando mesmo de acreditar em Papai Noel. Talvez o universo não conspire tanto assim. Talvez você só esteja vendo o mundo que quer ver. Ou talvez seja porque o mundo realmente se torna um lugar pra apenas duas pessoas, a cada história de amor.

Mas, você já sabe, essa não é uma história de amor.

(500) Dias com Ela 
((500) Days of Summer, de Mark Webb, EUA, 2009)
Com: Joseph Gordon-Levitt, Zooey Deschanel, Geoffrey Arend, Matthew Gray Gubler.

11 fevereiro, 2009

Quem Quer Ser Um Milionário?




Qual a principal razão para não gostar de "Slumdog Millionaire"?
A: Não dá pra levar a sério um título como "Quem quer ser um milionário?".
B: Glória Perez e sua "Caminho das Índias" nos fez pegar um certo abuso do local.
C: Faltou uma ajuda dos universitários do Silvio Santos.
D: De favela, marginalidade, pobreza e trabalho sujo, já estamos todos de saco cheio.
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O filme pode ser classificado como:
A: Mais uma história de amor.
B: Mais uma história sobre destino.
C: Mais uma história sobre pobreza.
D: Mais uma história despretensiosa, contada de maneira inteligente, que te prende desde os primeiros minutos até o final dos créditos.
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Por que "Slumdog Millionaire" realmente merece os prêmios que vem ganhando?
A: Porque tem um ritmo extremamente cativante.
B: É um filme tecnicamente irrepreensível.
C: Pela direção ágil de Danny Boyle.
D: Pura obra do acaso.
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O filme surpreende por diversos fatores. Qual o principal aspecto?
A: A trilha sonora contagiante.
B: A edição, que servirá como manual para muitos cineastas.
C: A belíssima fotografia.
D: O modo como uma simples história pode se tornar grandiosa.
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Jamal Malik é um cara de sorte. Qual o motivo?
A: Está perto de ganhar 20 milhões de rúpias.
B: Conheceu a mulher da sua vida quando criança, e ela melhorou bastante quando cresceu.
C: Podia estar roubando ou matando, mas serve chá no trabalho.
D: A questão não é a sorte, mas o destino.
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Do que é feita a vida, senão de encontros?
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★★★
Quem Quer Ser Um Milionário? 
(Slumdog Millionaire, de Danny Boyle, EUA, 2008)
Com: Dev Patel, Irrfan Khan, Anil Kapoor, Madhur Mittal.

30 junho, 2008

Wall-E



O que dizer sobre “Wall-E”? Me pego sem palavras ainda desde a saída da sessão. Como irei falar sobre um filme que me fez cair em mim sobre o que é cinema? ...De pensar que já dei dois 10 e um 9,5 esse ano, quanta ingenuidade minha.
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Wall-E é o último robô no planeta, há mais de 700 anos, que foi feito para limpar toda a sujeira deixada pelos humanos na Terra. Foi feito é para limpar todo o lixo cinematográfico que andam passando a meio mundo. Veio pra ensinar o quão mágico pode ser um filme.
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Traz consigo uma grande metáfora. Não aquela de “proteja a natureza, proteja a vida”. É bem mais que isso. Robôs humanizados, humanos coisificados. Tudo que Wall-E sabe, aprendeu em filmes antigos, e assimilou cada cena, a da dança, a do romance, da conquista, da amizade... Aprendeu tudo isso vendo os humanos. Aprendeu a dar valor às coisas mais simples.
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“Wall-E” não trata da salvação da Terra, mas da Humanidade. Pode ser que já tenhamos visto isso em algum lugar, tantos os filmes de ficção que trazem uma catástrofe ao planeta e alguma mensagem edificante depois. A diferença é a simplicidade com que tudo isso é mostrado. Wall-E não precisa de fala pra se comunicar, é tudo tão auto-explicativo. E é tão lógico pensar assim, tão simples. Algo como aquela de “se não consegue entender o meu silêncio, as minhas palavras não dizem nada”.
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Simplesmente admiramos o robozinho em seus afazeres diários. São coisas simples, que prendem a nossa atenção, que nos impressionam sem querer. É como observar um cachorro brincando, tentando puxar um fio preso do sofá. Ou uma criança se entretendo com um bloco de montar. Tudo se move pra que não precisemos mesmo de diálogos. O que mostra o filme são as imagens, as expressões, que funcionam perfeitamente para ditar o ritmo e passar o sentimento que a cena deve ter. Te faz observar cada detalhe, como se dissesse: “não vou falar nada, vou apenas te mostrar e você vai entender”. É como um filme mudo. Como a verdadeira essência do cinema.
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★★★★
Wall-E (de Andrew Stanton, EUA, 2008)

11 junho, 2008

Apenas uma Vez (Once)




"Once" quer ser um musical, um drama, um romance.
Quer contar uma história simples.
Quer ser leve.
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"Once" quer ter trilhas que sejam tão importantes quanto o próprio filme.
Quer que elas tenham letras com um real propósito na história.
Quer que esses sejam momentos de pura reflexão.
Ou a simples admiração.
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"Once" quer ser um filme-canção.
Um filme-mensagem.
Um filme-poesia.
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"Once" quer explicitar a sutileza.
Quer deixá-la como protagonista.
Quer reverenciá-la.
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"Once" quer que um músico de rua faça um dueto com uma imigrante pianista.
Quer que ele seja contaminado pelo talento musical dela.
E pelo talento que ela tem como pessoa.
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"Once" quer que os dois se encontrem na Irlanda.
Mas que a história se passe em qualquer lugar do mundo.
Quer que os sentimentos sejam tão verdadeiros e universais,
Como a música.
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"Once" quer dizer que basta uma única mudança em sua vida,
Que apenas uma única vez
É o suficiente para você se apaixonar por ela...
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Apenas uma Vez (Once), (de John Carney, Irlanda, 2006) - 10
Com: Glen Hansard e Markéta Irglová.

02 junho, 2008

Bella


"Se quer fazer Deus sorrir, conte a Ele seus planos..."
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Há certas coisas na vida que acontecem e a gente não pára de se perguntar o porquê de estar acontecendo, o que fizemos para carregar tanto peso, duvidamos até mesmo de Deus nessas horas...
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O tempo passa, e a vida nos coloca à prova de novo, mas dessa vez estamos mais fortes do que éramos, mais sóbrios. E somos capazes de entender cada detalhe daquilo nos transtornou. As vezes, a vida nos dá a chance de fazer algo maior. E então tudo parece se encaixar, com a sensação de que toda nossa humanidade está no mundo novamente...
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Pode parecer contraditório, mas "Bella" é um filme muito pessoal, é como se fosse contado reservadamente a você, como se tivesse o intuito de mexer individualmente, para que cada um se sinta chamado a sua mensagem. Não vai lhe mostrar um roteiro dos mais complexos, com tramas e tramas bem arquitetadas. Aqui, a mensagem em si é o ponto forte, há um ar carregado de sentimentos, ainda que tudo aconteca de modo muito simples e sutil. Méritos aos atores e à direção, capazes de lhe colocar pro mundo do filme, em apenas um detalhe ou outro que se apresenta.
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A história gira em torno de dois protagonistas. José já foi uma jovem promessa do futebol, mas hoje é um chef de cozinha, no restaurante do irmão. É uma pessoa triste, que traz consigo um peso muito forte da vida. Nina também trabalha no restaurante, é uma garçonete que tem um começo de dia conturbado, descobre que está grávida e depois que está demitida. "Bella" caminha a partir do momento em que José decide largar tudo que está fazendo e passar o dia com a moça. E é exatamente nesse dia que a vida mostra aos dois (e à gente) o significado mais belo que a palavra humanidade tem.
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Bella (de Alejandro Gomez Monteverde, México / EUA, 2006) - 9,0
Com: Eduardo Verástegui, Tammy Blanchard, Manny Perez, Ali Landry, Angélica Aragón.

15 fevereiro, 2008

Juno

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“Em parte do tempo você é amante e um amigo em tempo integral...Temos certeza de que somos fofos para duas pessoas feias...Estou sempre tentando mantê-lo real... Agora estou apaixonada pelo jeito como você se sente... Os pedregulhos me perdoaram, As árvores me perdoaram, Então, por que razão você não pode me perdoar? Não vejo o que qualquer um pode ver, Em qualquer outra pessoa, Além de você...”
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Trechos traduzidos de uma das músicas da fantástica trilha de Juno (Anyone Else But You), e da cena que mais mostra o que é o filme. O dueto, calmo, reflexivo e comovente. Ainda que fale sobre o perdão. Ainda que fale sobre um verdadeiro amor, que sobretudo é companheiro. Ainda que use um tom divertido para se expressar. Acima de tudo, fala com uma grandiosa sinceridade, capaz de cativar não só esse perdão, esse amor, ou a graça, mas um sentimento sublime que faz com que nos tornemos incapazes de julgar qualquer atitude que seja. Nos vemos no meio de tudo isso, apenas reconhecendo com um sorriso que, sem querer, acabou de escapar.
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Juno pode ser uma adolescente comum, que por uma inconseqüência, ou imaturidade, engravidou de um amigo. Pode ser que muitos dos que assistam ao filme virem fãs de seu jeito independente, de sua capacidade de resolver as coisas - mesmo que precisam de algumas tentativas frustradas -, de sua autenticidade tão confiante. Pode ser que Juno seja ícone dos tempos modernos, em que o “feminino” virou “Feminino!”, tão decidido e afirmativo, ainda que frágil e doce. Pode ser que nem seja nada, ao menos ela não tenta ser, simplesmente é.
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Mas então como dizer que é imatura? E talvez realmente seja. Juno é alguém que suporta uma gravidez aos 16, assume a coragem de procurar pais adotivos, e passa a encarar tudo de frente, todos os julgamentos, porque tem convicção de si. Mas então como não dizer que não é?
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Assim é “Juno”. Vai nos deixar com uma série de dúvidas na cabeça, porque é simplesmente um filme verdadeiro, que fala de algo que qualquer um estaria sujeito, da forma como qualquer um é capaz de entender. Mas de um jeito diferente de tudo que nos acostumamos a ouvir. A simplicidade para revelar complexos sentimentos na vida de uma pessoa.
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"Juno". A certeza de que ainda há um bom cinema. E a indescritível sensação de satisfação...
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Juno
(de Jason Reitman, EUA, 2007)
Com: Ellen Page, Michael Cera, Jennifer Garner, Jason Baterman, J.K Simmons.

14 dezembro, 2007

The Science of Sleep



“The Science of Sleep” conta a história de Stephane (Gael Garcia Bernal), um desenhista mexicano (e inventor nas horas vagas), que vai a França morar com sua mãe por conta de uma promissora oferta de trabalho – que logo se revela um chato emprego de “montador” de calendários.
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Desde criança, Stephane sempre teve sonhos um tanto reais, e com o passar do tempo, isso foi se aprofundando. E passa a conviver cada vez mais com a presença deles na vida real. Em um de seus sonhos é apresentador da “Stephane TV”, um programa sobre sua vida, em que também ensina a “ciência do sono”.
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A premissa da história, no entanto, se dá na relação de Stephane e sua vizinha Stéphanie (Charlotte Gainsourg), e na quase obsessão dele em tentar conquistá-la. E é em seus sonhos que ele procura soluções para que Stéphanie possa ser bem mais que sua amiga, já que na “vida real” ela não parece disposta a encarar um relacionamento com uma pessoa tão insegura, e demais atormentada.
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O filme carrega elementos “fantásticos” o tempo todo. São nuvens de algodão que pairam no ar com a música, papel celofane que sai da torneira como água, máquina do tempo de 1 segundo para trás ou para frente... E o diretor e roteirista Michael Gondry mais uma vez nos enche de surrealismo!
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Mas o que era pra ser uma história sobre um homem “inventivo porém inseguro” (tanto quanto o personagem Joel, em “Brilho Eterno...”, a obra-prima de Gondry) e sua busca por Stephanie, regado com muita fantasia, toques de discussão sobre o que é real e algumas pitadas de análise da mente humana, simplesmente não funciona.
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Gael até atua bem enquanto Stephano é apresentador da TV, e por todas as vezes que deve agir como “pessoa excêntrica”, mas não convence quando a fragilidade de Stephano é colocada em evidência, e acaba surgindo muito caricato, bem ao contrário da atuação de Jim Carrey em “Brilho Eterno...”. Falta química a Gael e Charlotte, falta emoção, comprometimento.
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E “Brilho Eterno...” realmente pesa na comparação, ainda que a premissa em si seja completamente diferente. Se em seu último filme certas cenas que surgiam soltas tinham um motivo e podiam ser explicadas pela sua não-linearidade de roteiro, aqui elas simplesmente são “soltas”, apenas para que o diretor possa exercitar seus efeitos em stop-motion (que, apesar de tudo, são visualmente perfeitos pra temática proposta). E o que tinha tudo pra ser um roteiro fantástico, surge como mal finalizado – parece que Charlie Kaufman (também roteirista de “Brilho Eterno..”) fez mesmo falta.
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Contudo, mesmo com todas essas deficiências, o que falta mesmo ao filme é Ritmo. Algo para acompanhar o comportamento de Stephano, os momentos de fantasia, aqueles outros em que tudo se mistura... Se no “Em Busca da Terra do Nunca” cada vez que somos levados à fantasia, vem junto o clima do filme, o ambiente, a trilha, e tudo colabora, em “The Science of Sleep” as coisas acontecem como “se nada tivesse acontecido”, e embora a idéia deva ser mesmo esta, aqui isso faz realmente falta.
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Definitivamente, é um filme para poucos. E ainda que goste da idéia, o meu entusiasmo foi bem, bem menor que o de 4h depois, logo após ter visto “Zodíaco”. Mas isso é assunto para um próximo post.

04 novembro, 2007

O Cheiro do Ralo



O Cheiro do Ralo. Baseado no livro homônimo de Lourenço Mutarelli.
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O filme conta a história de Lourenço (Selton Mello), um comprador de antigüidades. De seu cotidiano na loja, e sua vida conturbada com a mulher, surgem as situações cômicas e filosóficas do filme. Sobre sua mulher, o que se pode dizer...“Mulher é tudo igual, se você bobear os convites já estão na gráfica!”. E em sua loja de relíquias, entre objetos excêntricos e pessoas não menos que isso, encontra desde relógio de corda até olho e perna mecânica, de mulher viciada ao ex-combatente da segunda guerra. A pessoa interessada em vender chega, senta e mostra o seu valioso produto. Ele analisa, dá o preço, e se não gostar... F!
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“Por favor, pode se sentar. Tá sentindo o cheiro ruim? É do ralo!”. E o ralo é não somente o responsável pelo cheiro ruim, ou pelas risadas durante o filme, é por ele que vem a análise da mente obsessiva do Lourenço (pode-se dizer que também do homem em si). Se, no início, ser um comprador de quinquilharias era um tanto complicado – já que pra isso deveria oferecer um preço bem abaixo do que o objeto valia para poder obter um lucro, e isso dava um pouco de pena, em virtude de todos que iam ali serem pessoas realmente necessitadas do dinheiro – com o “aparecimento” do bendito cheiro (ou maldito cheiro) surge também a tormenta que é agüentá-lo, e o conseqüente estresse, que acabaria por ser descontado nos clientes. Logo, é o cheiro o grande responsável por tornar Lourenço um coisificador.
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E tudo por causa de uma bunda. “A” bunda, diga-se bem a verdade. "Poderia me casar com essa bunda!". É um círculo vicioso em que ele está metido. Vai à lanchonete todos os dias comer um podre de um sanduíche, apenas para ver A bunda da garçonete de nome impronunciável, e como o sanduíche sempre cai mal tudo acaba indo para a privada, que irá resultar no cheiro insuportável do ralo. Bunda – Sanduíche – Privada – Ralo. A culpa é mesmo toda da bunda.
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O cheiro vem da bunda, o cheiro vem do ralo, o cheiro vem da merda. “_Aqui cheira a merda. _É o ralo. _Não. Não é não. _Claro que é. O cheiro vem do ralo. _O cheiro vem de você. _Olha lá. Olha lá, o cheiro vem do ralinho. _Quem usa esse banheiro? _Eu. _Quem mais? _Só eu. _E então, de onde vem o cheiro?”. É a grande mensagem do filme. Se são as merdas do mundo que fedem, e quem faz tudo isso é o homem, já sabemos de onde vem o cheiro. É por coisificar as pessoas, e os sentimentos, que há merdas pra tudo quanto é lado nesse mundo. É disso que o filme fala, desse pó acumulado numa loja de antigüidades, desse fedor insuportável que vem do banheirinho dos fundos.
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Entre a comédia sarcástica e mensagens de tom crítico, o roteiro te faz pensar. Mesmo que na bunda... Mesmo que no cheiro ruim que vem do ralo... E Selton Mello sem dúvida vem junto com o roteiro, é o próprio Lourenço atormentado e obsessivo.
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“De todas as coisas que tive, as que mais me valeram, das que mais sinto falta, são as coisas que não se pode tocar, são as coisas que não estão ao alcance de nossas mãos. São as coisas que não fazem parte do mundo da matéria.”
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O Cheiro do Ralo. Eis um filme são. (Mesmo não sendo)
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