Levantem a lona, liguem as luzes, coloquem o milho para pipocar! Façam a maquiagem no rosto, ofereçam de entrada um novo mundo e sirvam um pacote cheio de esperança! Trapezistas, anões, bailarinas, domadores, malabaristas, palhaços... Tudo é mágico! O feliz paradoxo do circo. A arte de transformar os tombos de nariz em hiperpiruetas dignas de bis. Cada um no seu lugar, mas todos com a mesma intenção da magia. Hoje tem marmelada? Hoje tem goiabada? E o palhaço o que é?
Cada pergunta tem sua resposta acompanhada de uma enorme dose de entusiasmo! Fazer parte do espetáculo é sentir um vendaval de alegria no rosto, ver o universo sair da monotonia, criar asas e voar com a imaginação. É juntar-se à trupe! Mas a inquietação do palhaço vai além de ser apenas ladrão de mulher. Qual seu verdadeiro papel nisso tudo? Andar com o circo por aí não significa conhecer o mundo. O sorriso pintado pode esconder uma aquarela interna em preto e branco. A brisa é idealizada pelo giro de um ventilador. E o palhaço o que é?
Vista o personagem. Abram as portas da fantasia por um breve momento, que parece eterno aos olhos do público. As cores encantam, as músicas animam, os movimentos embalam! Tudo cria o clima perfeito para encher de brilho o coração de todos que participam [por que não?] da sessão! O respeitável público já tem sua identidade própria, formada por crianças de até 80 e tantos anos, que não cansam de gritar quantos Bravos! conseguirem dar nos intervalos das risadas! Mas, E o palhaço o que é?
Cheio de caretas e barulhos engraçados, pode até ter um tropeço aqui e ali, mas nada como duas cambalhotas para frente e para trás para que tudo pareça fazer parte da festa. Quem já conquistou a plateia, tem um refil interminável na caixa de sorrisos. A arquibancada já está desarmada desde aquele momento em saíram risos ou lágrimas envergonhadas, que teimavam em esconder por tempos, mas que não tiveram coragem de segurar dessa vez. É a cumplicidade entre o artista e o público, que se entendem como irmãos de picadeiro. E o palhaço o que é?
Ao final do espetáculo, o espectador já está completamente envolvido com os motivos e se considera o próprio palhaço em cena, no sentido mais bonito que a palavra pode ter. As reflexões se fundem e vão juntas para a casa, ecoando na mente, ao lado dos momentos mais leves e mais profundos que aquela experiência proporcionou. E a questão maior do personagem atravessa o palco e muda de lado, mas continua a repetir no seu novo coração: E o palhaço o que é?
★★★★★
O Palhaço
(de Selton Mello, Brasil, 2011)
Com: Selton Mello, Paulo José, Larissa Manoela, Giselle Motta, Teuda Bara, Moacyr Franco, Tony Tonelada, Tonico Pereira, Danton Mello, Ferrugem.
Que bom saber que o cinema nacional vem melhorando cada vez mais. É unanime, todo mundo que assistiu este filme gostou. Preciso ver logo!
ResponderExcluirAlan, É realmente muito bom ver o cinema brasileiro se reinventando e abrindo a mente para novas temáticas. "O Palhaço" é desses filmes que nos dão uma enorme satisfação!
ResponderExcluirEsse filme é belíssimo. Uma obra, ao mesmo tempo melancólica, mas muito linda. Adorei a forma como o roteiro retrata o quanto o Benjamim está fora de seu foco, de seu mundo, precisando se encontrar. A jornada dele é bonita, em vários sentidos. Viva, Selton Mello, o diretor e o ator.
ResponderExcluirUm filme imperdível! Maravilhoso!
ResponderExcluirObra prima mesmo!
Abraços
Rodrigo
http://cinemarodrigo.blogspot.com/
Haha, adorei a crítica desfarçada de crônica. Respondendo à pergunta que finaliza os parágrafos, "O Palhaço" é um dos filmes mais belos de 2011 =)
ResponderExcluirMello tem muito futuro como diretor, seu filme é charmoso, simpático, humor inocente que cede espaço para um drama profundo, mas sem ser, compreende? É lindo a dinâmica que o filme estabelece com o público. Filmão!
abs!
Kamila e Rodrigo, concordo totalmente com vocês!
ResponderExcluirElton, obrigado pelo elogio! "O Palhaço" realmente dá um gosto danado do cinema nacional, é um dos melhores filmes do ano. E Selton Mello já mostrou que entende MUITO da arte! Vida longa!