Conversa entre moleques (Super 8, 2011)

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Imagine a cena: você tem entre 11 e 13 anos, adora filmes, passa tempos se divertindo e falando bobagens com seus amigos lesados, acha aquela menina loirinha a mais incrível das pré-adolescentes e tem a sensação de que todo dia você vive um mundo, mesmo não saindo do seu bairro. Se você não conseguiu esboçar nenhuma lembrança interessante na sua cabeça, "Super 8" será só mais um filme de homenagens aos anos 80. A quem pensou na hora em ir até o depósito e cavucar coisas antigas só para entrar no clima, "Super 8" será das experiências mais efusivamente nostálgicas a se ter para os últimos instantes.

É bem possível que os famosos meninos de apartamento [ou piás de prédio] jamais se identifiquem com aquela história de se empolgar tanto para querer descobrir aquele causo da vizinhança. Talvez os criados com vó também não se interessem tanto assim por toda aquela coisa de rir na cara do perigo e se borrar de medo na hora H, e de inventar desculpas para fazer alguma coisa proibida com os amigos. Aqueles que passavam talquinho no pescoço depois do banho então [que deveria ser antes das 6 da tarde pra não pegar sereno] possivelmente acharão que J. J. Abrams até estudou bem seu mestre Spielberg, mas que no fim das contas só fez colagens aqui e ali, em um pacote retrô de selo Amblin e dos clássicos pôsteres ilustrados, e não trouxe nada de tão marcante às narrativas sobrenaturais. 

"Super 8" é filme para MOLEQUE! Que me desculpem os engomadinhos de gola pólo que realmente se prenderam com as cenas inicias, mas que ficaram desapontados com o desenrolar dos personagens adultos caricatos ou com o pouco aprofundamento das questões dramáticas e de ordem paterna que passam os jovens protagonistas. Um pouco mais de desculpas àqueles autênticos moleques de sangue roxo, que até curtiram os efeitos especiais e vibraram com as fantásticas explosões do início, mas que acabaram achando o final meio meloso, Braddock espera por vocês minha gente. Boyzinhos de plantão, vocês também, talvez "Fast and Furious Six and Again and Again and Again" seja mais apropriado. 

E você, pequena gafanhota, que já estava com um sorriso no rosto pela aventura, mas ficou mordendo a boca de raiva pelo moleque ali em caixa alta. Não se acanhe, porque o clubinho também aceita garotas serelepes! Basta estar disposta a pular por aí, pisar na grama e sujar o joelho da calça tentando descobrir o que realmente aconteceu naquela noite misteriosa na ferroviária. Caso se interesse, também temos vagas para jovens atrizes de filmes de zumbi! Aliás, é essencial que você não se importe em se melecar de sangue falso e em fazer uma cara de monstro assassino sem alma. Tudo pela arte! Ahh, seremos só amigos, mas se sem querer você nos encantar com seu jeitinho de menina esperta, brigaremos a valer para saber quem irá proteger você e poderá assistir ao lado desses seus doces olhos aquela sessão de "Goonies" ou "Conta Comigo". Sabe, são coisas da idade.



Super 8
(de J. J. Abrams, EUA, 2011)
Com: Joel Courtney, Elle Fanning, Kyle Chandler, Riley Griffiths, Ryan Lee, Joel McKinnon Miller, Noah Emmerich, Glynn Turman, David Gallagher, Ron Eldard.

2 comentários:

  1. "Super 8" é nostalgia pura, especialmente pra quem cresceu ali pro final da década de 80, início da de 90. O filme olha pro passado pra mostrar o futuro e eu acho isso lindo nele! :)

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  2. Sem dúvida Kamila, e que nostalgia! Realmente faz um resgate do bom cinema para mostrar que as tendências não precisam apelar pra tecnologia crua ou pra um caça-níquel qualquer. É como se dissesse "essa geração aqui fazia grandes filmes sem esse pretexto atual, vamos tentar novamente?". Muito bom!

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