Avatar

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“Avatar” é absolutamente uma experiência única. Pandora é um lugar ímpar, mágico, que lhe convida o tempo todo e lhe deixa com aquela profunda sensação de querer visitá-lo, e depois com aquele desânimo por não poder passar mais tempo com tudo aquilo. Você quer descobri-lo, quer se aventurar por toda aquela natureza que mais parece um parque de diversões. Todo aquele brilho, aquele neon, aquela sinergia, a surpresa do desconhecido que sem querer lhe deixa sorrindo num entusiasmo sem igual. Você quer tomar um banho na cachoeira das montanhas flutuantes. Quer provar dos frutos, pois já sabe que, certamente, com toda aquela magia do lugar, eles serão deliciosos. Observar a noite cheia de estrelas e outras luas e planetas orbitando. Quer ouvir a natureza como nunca. Você se sente como uma criança abrindo seu novo presente. Pandora é um lugar realmente mágico.
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Mas bem perigoso, é verdade. Os bichos são horrorosos, não há um único cachorro simpático que você queira levar pra sua casa. É tudo muito gigante, não vá tropeçar por aí, sob risco de cair de alguma altura monstruosa e se integrar a Eywa – a tal “Mãe Natureza”. Cuidado, existem uns bichos bem ariscos! Pobre Felícia, talvez não se desse tão bem ali. Mas você nem conheceu tudo e nem há como, é preciso mais umas 2 ou 200 horas de filme para isso. É preciso uma vida inteira e mais algumas reencarnações.
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Talvez “Avatar” seja o tipo do filme que você não deva assistir em casa. Não foi feito pra assistir em DVD. É tamanho único, cinema, 3D, e se conseguir IMAX, melhor ainda. Ainda assim, “Avatar” é pouco pra um cinema. Talvez estejamos diante de um novo conceito cinematográfico, o da “user experience”. Talvez ele só assuma sua condição em cinemas “4D” ou “cinema sensorial”, em que as cadeiras se mexem acompanhando o movimento e a tensão da cena, em que o expectador é capaz de sentir os cheiros do instante e as mudanças de temperatura na sala, e deixa de ser somente expectador para tornar-se participante de tudo isso. Como um brinquedo da Disney. Você deve respirar o filme. James Cameron levou 10 anos para que houvesse a tecnologia necessária para a realização do longa, mas talvez devesse esperar mais uns 10, para os cinemas pudessem se adaptar a isso.
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Como Cameron não teve essa paciência toda e lançou o filme assim mesmo, é fácil entender as críticas. A velha história do salvador americano; do forasteiro que no início é visto com desconfiança, mas que depois tem muito a ensinar; da luta do bem contra o mal; estereótipos de mocinhos e vilões e “escolha seu lado”; da ganância do ser humano em detrimento à natureza; e blábláblá! O roteiro nunca foi seu forte, é verdade. Você conhece frases como “hasta la vista baby” ou “i’m the king of the world”, também é bem verdade, mas a melosa “i see you” dos protagonistas não desce de jeito nenhum. Ok Cameron, seja mais sutil na próxima, somos inteligentes para isso, pode confiar! Evidencie tudo, os efeitos, o lugar, a tensão, a fotografia, o impacto, o deslumbramento, a trilha, a magia, tudo! Menos o roteiro. Esconda um pouco as coisas, deixe outras no ar, também gostamos de ter dúvidas, de quebrar a cabeça e tudo o mais. Ô mania de grandeza. E aquele choro dos Na’Vi, feio né? Podia ter caprichado um pouco mais na sonoridade. Ok de novo Cameron, não se aborreça, “Avatar” tem seus defeitos e que bom, isso ao menos mostra que você não é um ET querendo mostrar o seu mundo em forma de filme, ainda que isso fosse ser divertido.
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Mas que me desculpem os fervorosos defensores do anti-avatarismo. Não serei capaz de condenar essa fantástica experiência por isso. Porque talvez “Avatar” não deva ainda ser julgado como filme, mas já como “user experience”, e nisso, “Avatar” é ESPETACULAR. É um conceito de experiência de entretenimento, em que você não compra um ingresso, mas uma passagem para aquele mundo. Não é o tipo de história a ser contada, mas vivida.

Avatar (de James Cameron, EUA, 2010) 
Com: Sam Worthington, Zoe Saldana, Stephen Lang, Sigourney Weaver, Michelle Rodriguez, Giovanni Ribisi.

6 comentários:

  1. Curioso que tem gente que comentou que "Avatar" não é cinema. Bem, se isso não é cinema, eu realmente não sei o que é. Belo texto!

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  2. Adorei seu texto, Victor. Acho que "I see you" não funciona por ser muito jogada na nossa cara, de forma até forçada. De uns tempos pra cá eu encontrei defeitos em "Avatar", ficamos tão deslumbrados quando conhecemos aquele mundo que até é difícil você querer ver algum defeito. Essa sua frase no final eu achei demais. E concordo que não se trata de um ingresso e sim uma passagem. Ah, sim o defeito? A construção de dois personagens: o vilãozinho meia boca Parker e o pura-testosterona Miles.

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  3. Vinícius,
    Infelizmente, filme que faz muito sucesso já sofre um pouco de preconceito. "Avatar" tem lá seus defeitos, até entendo e concordo sobre eles, mas, ainda assim, é um filmaço!!! E obrigado! =]

    Obrigado Rafael, como te disse, me esforcei no texto. haha "I see you" é demais forçado, pelamor, desnecessário e sem graaça semm graça. "Avatar" é cheio de defeitos, como nesses pontos um tanto piegas no roteiro, que eu listei. Esse vilão é clichêzão né, e a Miles é...bem, a gente nem sabe nada sobre ela e de repente ela tá lá pra ajudar. Não faz muito sentido mesmo. E com tudo isso, "Avatar" é uma experiência única mesmo, poderia assistir um filme desse todos os dias, que nem ia me importar, grande viagem mesmo!

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  4. Bacana seu texto. E eu gostei muito de avatar, apesar do filme não ter crescido em mim na segunda vez que assisti. Acho ele fantástico, cheio de energia, com uma boa história e várias proezas técnicas.

    Vi uma vez no 3d e a outra no imax. Daria 8,5.

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  5. Vou rever, mas acho difícil eu mudar de opinião. Amei "Avatar" da cabeça aos pés.

    Nota 9.5

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  6. Obrigado Bruno! E valeu a visita! Assisti somente uma vez, no IMAX, incrível! Não sei se uma 2ª vez faria isso de novo. Talvez Avatar seja uma mesmo uma experiência única, pra ser assistido somente uma vez e ficar com a sensação de querer mais. hehe

    Wally, Também gostei demais de Avatar! Reconheço seus defeitos, mas não há como negar que é um filmaço!

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